
O primeiro Quartel da Associação foi instalado na Rua de Santo António, Desde Setembro de 1925 até 1933. A Direção mandou fazer obras no edifício que orçaram em 998$00. O arrendamento era então de 10$00 por mês.
Em 26 de Março de 1930, “Foi lavrada (…) a escritura do terreno do Quartel dos Bombeiros Voluntários desta vila. Figurou como comprador o Sr. Dr. António Fortunato de Pinho. (…) O terreno agora comprado fica a Norte da Escola Conde Ferreira (feminina) e estende-se até aos quintais de Bernardino Maria da Costa e Francisco Rodrigues Gonçalves, devendo medir 2.500 m2. É espaçoso bastante para a construção do quartel e campo de manobras, e para festas a realizar naquela vasto recinto. As árvores lá existentes proporcionam já uma acolhedora sombra (…). Fez-se a compra sem um centavo da Associação dos Bombeiros. ”
O terreno custara 20.000$00 pagos pelo Dr. António Fortunato de Pinho, já que a Associação não dispunha dessa verba.
Começariam então as divergências entre a Direção dos Bombeiros, presidida pelo Dr. António Fortunato de Pinho, e a Câmara Municipal, presidida por seu cunhado Dr. Bernardino Corrêa Telles D’Araújo e Albuquerque, devido aos entraves colocados pela autarquia à construção do futuro quartel. Este desentendimento culminaria com a demissão da Direção dos Bombeiros que a levariam a uma profunda crise, e com a venda do terreno que havia sido adquirido. Foi vendido por volta de 1945, quase pelo triplo do valor que havia sido comprado.

A partir da crise diretiva de 1933, até meados de 1935, o Quartel esteve na Rua Dr. Francisco de Castro Matoso (num edifício de um só piso onde mais tarde viriam a ser as oficinas de Frederico Borges Pinto)
Nesta fotografia do Carnaval de 1928 se pode ver o referido edifício e o respectivo portão onde se guardavam as viaturas e o material.
Em fevereiro de 1934, a Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha deliberou ceder um terreno na Rua de Campinho à Associação dos Bombeiros Voluntários da vila, com a condição de que, no prazo máximo de um ano, fosse construída pelo menos a parte exterior de um quartel. Caso a obra não avançasse nesse prazo, o terreno voltaria à posse do Município. Essa proposta visava apoiar uma necessidade antiga dos Bombeiros Voluntários, que pretendiam construir um quartel mas não dispunham de terreno adequado. A proposta foi aprovada formalmente em sessão camarária de 13 de fevereiro do mesmo ano. No entanto, a construção do quartel nesse local acabou por não se concretizar.
Perante essa situação e a necessidade urgente de reorganizar os serviços de incêndio e salvamento público, a Câmara Municipal decidiu tomar uma nova direção. Em janeiro de 1935, o então Presidente da Câmara, Dr. Bernardino Corrêa Telles d’Araújo e Albuquerque, apresentou uma proposta para adquirir o edifício inacabado e degradado do Teatro Albergariense, situado na Rua Serpa Pinto, com o objetivo de aí instalar o quartel dos bombeiros. A proposta justificava-se com base em diversas considerações legais e sociais: a obrigação dos municípios em garantir serviços de assistência e salvação pública; a degradação do corpo de bombeiros devido à crise material e organizacional que afetava a associação; e a necessidade de preservar o equipamento existente e de promover o treino adequado dos bombeiros.
O edifício do teatro, apesar de inacabado e em mau estado, foi considerado adequado para este fim pela sua localização, preço acessível e características. A Empresa do Teatro Albergariense mostrou-se disposta a vender o imóvel por 26.000 escudos. A proposta incluía também um pedido ao Ministério das Finanças para isenção do pagamento da cisa (um imposto aplicável a transmissões de bens imóveis), dado o fim beneficente da aquisição. A proposta foi aprovada por unanimidade em sessão camarária de 29 de janeiro de 1935.
Contudo, apesar de todas estas diligências e planos, o novo quartel de bombeiros acabou por não ser construído naquele local. O edifício foi posteriormente adquirido pela Fundição Alba, que construiu ali o Cine-Teatro Alba, atual Casa Municipal da Cultura.

Por deliberação camarária, parte do rés-do-chão do edifício do Theatro Albergariense
serviu, desde 1935 a 1945, de Quartel dos Bombeiros. Entretanto, a edilidade voltou a prometer um quartel novo para a Associação, já que este, para além de ser exíguo, serviu também de Escola Primária e de Teatro. Mais uma vez, a construção do novo quartel não viria a acontecer, sendo de novo adiada a resolução desta questão.

Em 1945, com a demolição do Theatro Albergariense, todo o material de Bombeiros passou para a Auto-Garage de João Vidal & Filhos (mais tarde Palace Garage Hotel), na Rua do Hospital, onde permaneceria por poucos anos.

Em 1953 já o Quartel era na Rua Eng. Duarte Pacheco (antiga Rua de Campinho), num edifício propriedade da Câmara Municipal, situado em frente à “Casa da Fonte” (no local onde em 1934 estivera para ser construído o quartel dos Bombeiros, e onde atualmente é a Sede do Clube Desportivo da Campinho). Neste local permaneceria até Dezembro de 1964.
Em Outubro de 1953, a Câmara Municipal autorizou a “Abertura de um portão (…) para recolha da ambulância (…)” denominando então o edifício por “(…) casa que serve de quartel provisório (…)”. A Direção ainda fez um esforço para adquirir à Câmara este edifício, ao organizar alguns eventos para angariar dinheiro para a sua compra em Junho de 1963.
Em setembro de 1963, a Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha decidiu solicitar à Câmara Municipal a cedência de um terreno situado nas antigas “Cocheiras”, junto à Estrada Nacional n.º 16. Este terreno confrontava com várias propriedades e seria destinado à construção de um novo quartel e sede da Associação.
A 5 de abril de 1965, a Direção deliberou confiar a elaboração do projeto do novo edifício do quartel e a fiscalização da obra ao engenheiro Jorge Reis da Costa, comprometendo-se a pagar as suas despesas de deslocação e os serviços técnicos necessários.
Numa reunião de abril de 1965, foi tomada a decisão de transferir temporariamente as instalações do quartel para o edifício recém adquirido e comunicar tal decisão à Câmara. Ratificou-se também o acordo feito pelo Presidente da Direção para guardar cinco viaturas da corporação na garagem da empresa João Vidal & Filhos, mediante o pagamento de 300 escudos mensais.

Local conhecido por “Cocheiras”, onde foi edificado o atual Quartel (Antiga Rua da Travessa e atual Rua Dr. José Henriques Ferreira). Vê-se, ao centro, o edifício que serviu provisoriamente (de Janeiro de 1965 a Junho de 1969) de Quartel.
O Quartel passou então, provisoriamente, para um edifício sito na Rua do Hospital, imediatamente ao norte do antigo “Café Bijou” (hoje parte do atual quartel), onde se manteria até 23 de Outubro de 1967, altura em que foi demolido. A estes dois terrenos, seria anexado um outro, propriedade da Câmara Municipal, doado para o mesmo fim.
Para angariar dinheiro para a construção do novo Quartel, a Direção levou a efeito durante o ano de 1965 diversos tipos de atividades, mobilizando, assim, a população do concelho para esta obra de utilidade comum: Festas no Cine-Teatro Alba, Festival de Folclore no Parque Alba, Sorteios de Rifas, em 1966, outro Festival de Folclore, Cortejo, de Oferendas, em 1967, Quermesse, mais um Cortejo de Oferendas, em 1968 uma Peça de Teatro, etc., contraindo também nesse mesmo ano um empréstimo bancário no valor de 150.000$00 para esse fim. Já em 1969, foi ainda organizado mais um Cortejo de Oferendas para acabar de pagar aos fornecedores.
Em Junho de 1966, foi deliberado adquirir a Manuel dos Santos Silva “(…) noventa e cinco metros quadrados de terreno por quinze mil escudos, o qual está situado destro da área projetada para a construção do novo Quartel dos bombeiros. (…).” Confrontava a norte e nascente com a estrada nacional e custou este terreno 15.000$00.
Em setembro de 1967, a Câmara Municipal solicitou à Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários a doação do terreno situado na Rua Gonçalo Eriz, com cerca de 1.050 m², com a intenção de construir ali um edifício escolar. No entanto, a 19 de dezembro do mesmo ano, a Câmara decidiu desistir do pedido, e a Direção deliberou proceder à venda do terreno em hasta pública.
Mais tarde, em fevereiro de 1969, a Direção deliberou iniciar diligências para vender outro terreno, conhecido como terreno das Trapas. A decisão de venda foi formalizada em março de 1969, sendo o terreno vendido a Manuel Soares da Costa por 70.000 escudos.
Paralelamente, continuavam os esforços para avançar com a construção do novo quartel. O Comandante Sérgio Costa manteve contatos com o Senhor Alberico Martins Pereira, a quem apresentou um anteprojeto elaborado no Porto. Contudo, este projeto foi considerado excessivamente grande e caro para as possibilidades financeiras do concelho.
A Direção procedeu à divulgação pública do projeto em jornais nacionais e locais a 10 de maio de 1967, e consultou diversos empreiteiros, recebendo três propostas de execução. No entanto, por proposta de Albérico Martins Pereira, decidiu-se avançar com a construção por administração direta, ou seja, sob gestão própria da Associação.
O projeto foi concebido com base em dados provenientes de fontes autorizadas e procurou responder às necessidades de espaço e funcionalidade da corporação. Embora inicialmente se previsse espaço para 30 bombeiros, o arquiteto conseguiu acomodar até 40. A construção do quartel, uma vez concluída, acabou por custar menos do que a proposta mais baixa recebida de empreiteiros — cerca de 1.800 contos.

Projeto original do atual Quartel, datado de 18 de Dezembro de 1966, da autoria do Arquiteto José Manuel Andrade Barreto, do Porto. Este projeto seria aprovado pela Câmara Municipal, em sessão de 3 de Janeiro de 1967.

Em 29 de Outubro de 1967, o Presidente da Direção, António Henriques da Costa, assina o documento referente ao lançamento da primeira pedra do atual Quartel, acompanhado por Agostinho Antunes Pereira (Tesoureiro) sob o olhar de Alberico Martins Pereira (Presidente da Assembleia Geral), vendo-se atrás o Comte. Luís Soares de Matos.

Parte do Quartel Sede já em construção, podendo se observar o edifício que temporariamente serviu de quartel e viria posteriormente a ser demolido. é visível do lado esquerdo da imagem a placa com dizeres ” Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha. Instalações provisórias e a sirene no cimo da chaminé.

Aspecto geral da fachada principal do Quartel – Sede em construção. A Assembleia Geral viria a reunir, pela primeira vez oficialmente, no Salão Nobre do novo Quartel, ainda em obras, em 28 de Dezembro de 1968.

O Quartel – Sede foi inaugurado em 29 de Junho de 1969.
No ato de inauguração foram homenageados “(…) o Snr. Dr. António Fortunato de Pinho, fundador da Associação e o Snr. Américo Martins Pereira, que a fez renascer em 1949, descerrando as suas fotografias na sala da Direção. Igualmente resolveu inaugurar, na sala do Comando, as fotografias do Snr. Sérgio Reis da Costa e a minha (Evaristo Gomes Ferreira), por termos sido Comandantes do Corpo Activo. (…)”.
Com o passar dos anos, o quartel dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha revelou-se cada vez mais pequeno e inadequado face às crescentes exigências operacionais da corporação. Reconhecendo essa limitação, em reunião de Direção realizada a 23 de novembro de 1977, o Presidente informou que a Câmara Municipal se comprometera a assumir todos os custos relacionados com a elaboração do projeto de ampliação do quartel, bem como as respetivas despesas.
Nesse mesmo ano, em agosto de 1977, a Direção adquiriu um terreno com 178,5 m², adjacente à parada do quartel, pelo valor de 35.700$00, a Valentim Francisco Capela e Maria Teresa Marques Fonseca. O objetivo desta aquisição era ampliar a parada, tornando-a adequada à utilização como heliporto para evacuação de sinistrados por via aérea.
Em fevereiro de 1981, foi discutida uma deslocação ao Porto de uma delegação da Direção para apresentar ao Inspetor da Região Norte o projeto de ampliação do quartel. A necessidade de melhorar as instalações era cada vez mais evidente.
Mais tarde, em maio de 1983, a Direção adquiriu mais um terreno anexo ao quartel, aos mesmos proprietários (Valentim Francisco Capela e sua esposa), destinado à ampliação do parque de viaturas e do heliporto, reforçando a infraestrutura de apoio à atividade operacional.
Em novembro de 1986, foi realizada uma nova intervenção no quartel, incluindo a colocação de um portão na parte sul da parada e a construção de um salão sobre a placa, junto ao já existente salão de festas.
Contudo, em abril de 1987, já estava a ser elaborada uma proposta de ampliação mais profunda. O arquiteto Pratas começou a trabalhar num novo projeto, que viria a ser apresentado à Direção em junho desse ano. Ainda assim, ficou claro que as sucessivas obras de ampliação e conservação não seriam suficientes para dar resposta às necessidades crescentes da Associação. Assim, em setembro de 1987, a Direção reconheceu que se impunham obras urgentes e inadiáveis nas atuais instalações, e que seria necessário considerar seriamente a construção de um novo quartel.
Na mesma altura, foi feito um contacto formal com o Serviço Nacional de Bombeiros, propondo uma comparticipação nas obras. A resposta desse organismo foi clara: apoiava-se a construção de um novo quartel, moderno, funcional e adaptado às exigências atuais da corporação.
Perante essa recomendação, a Direção decidiu convidar publicamente a população de Albergaria-a-Velha a pronunciar-se sobre a localização das futuras instalações do quartel, dando assim início ao processo de planeamento de uma nova sede para os Bombeiros Voluntários.
Quartel Século XXI

As novas instalações, situadas na Zona Industrial foram inauguradas a 13 de Abril de 2013, estas instalações eram desejadas há mais de 20 anos e vieram permitir que os operacionais desfrutem de melhores condições no exercício da sua atividade em prol da segurança e do bem-estar da comunidade. Para o Ex-Presidente da Câmara Municipal, João Agostinho Pereira, esta é uma obra que dignifica a Associação.
Em termos objetivos, a autarquia assumiu a responsabilidade no processo de construção do Quartel
“através da cedência do direito de superfície, por 51 anos, do terreno necessário à sua implantação; no apoio técnico e na elaboração do projeto de arquitetura, da autoria do Arquiteto Eduardo Costa Ferreira, (…) e de diversos projetos de especialidade:; quer ainda com a organização de todo o processo e competente candidatura ao POVT, para financiamento de 85% do montante elegível de 1.249.368 euros”.
O Ministro da Administração Interna em 2013, Miguel Macedo, afirmou que “a inauguração do Quartel é um bom sinal, um exemplo que devemos seguir para enfrentar as dificuldades”” e acrescentou que as novas instalações são fruto da determinação dos Bombeiros, mas também de uma feliz conjugação de
esforços com o poder central e o poder local.